
Alunos e professores do programa Juventude Rural Transformadora apresentaram, neste sábado (25), dados da pesquisa sobre o perfil de jovens rurais no Piauí. Foram aplicados 762 questionários com os participantes do programa, uma iniciativa da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) em parceria com o Instituto Federal de Educação do Piauí (IFPI) e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
A apresentação da pesquisa fez parte do Encontro da Agricultura Familiar, Povos e Comunidades do Semiárido, que integra a programação da II Feira da Agricultura Familiar, Povos Tradicionais e Economia Solidária do Piauí. A programação teve início na quinta-feira (23) com diversas palestras, oficinas, apresentações e a feira.

Os dados apontam que cerca de 36% dos entrevistados possuem o ensino médio completo e 26% estão cursando o ensino superior. A pesquisadora do Cebrap, Mireya Valencia, relata que os jovens possuem um grau de instrução maior que os pais.
“A pesquisa trabalhou diversas camadas, mas o que mais chamou atenção é o grau de educação e instrução dos jovens e como isso diferencia da geração dos pais. No Piauí, graças à expansão do ensino médio e superior, muitos adolescentes têm tido acesso de maneira mais abrangente à educação e isso é um diferencial importante como indicador de inclusão social. Os jovens do programa têm uma inquietação muito grande, de conhecer mais os territórios”, disse.

Segundo Mireya, os jovens buscam aperfeiçoar o trabalho agrícola com os conhecimentos obtidos pelo programa como forma de colaborar com as famílias e comunidades onde residem.
“A pesquisa aponta que os jovens buscam estudar mais, eles querem continuar se qualificando para ajudar as suas famílias, comunidades e territórios. Mostra uma sensibilidade de querer ficar em seus locais, mas no sentido de aperfeiçoar, encontrar empregos dignos que garantem uma inclusão produtiva e sustentável ”, afirmou.

Além disso, a pesquisa aponta que a vida dos jovens rurais é melhor do que a dos pais, a partir das políticas públicas, por oportunizar mais saúde, energia, educação e serviços. Mireya destaca que, com incentivos públicos estratégicos, é possível garantir inclusão produtiva aos jovens e famílias agricultoras.
“Os dados mostram que, para eles é melhor que a vida dos pais, somente uma geração já mudou significativamente sobre a qualidade do local onde mora. Políticas sociais são importantes por oportunizar mais acesso à saúde, energia, educação, trabalhos e entre outros. Agora, o momento é de articular estratégias de inclusão produtiva e que dê mais oportunidades de trabalho e renda”, disse.

Jovens relatam melhoria na qualidade de vida
Para o João Henrique dos Santos, estudante do programa Juventude Rural Transformadora do município de Wall Ferraz, o programa gerou um impacto positivo em relação aos conhecimentos obtidos, além das experiências do campo, que o capacitou a poder repassar mais informações para outras pessoas.
“O programa foi um grande impacto na minha vida em relação ao conhecimento, porque eu tive acesso a mais informação que antes não tinha. Hoje em dia, com os ensinamentos que tenho, eu posso repassar para outras pessoas que não tiveram oportunidade, como da minha comunidade, em relação a agricultura familiar e políticas públicas, e quando levamos para essas pessoas é muito significativo”, disse.
João Henrique afirma que o programa mudou completamente a vida dele e deixa ainda um recado para os jovens que participam do programa sobre acreditar que a vida no campo é possível.
“A minha vida mudou de zero a 100. Há um ano faço parte desse programa e posso dizer que, para aqueles jovens que são do campo, não desistam dos seus sonhos, das suas visões de futuro, sempre corram atrás do que gostam e que a vida no campo é, sim, possível”, concluiu.
Mín. 20° Máx. 39°